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Ciência acelera uso da macaúba no NE como alternativa para biocombustível

Novo protocolo de germinação da macaúba abre caminho para cultivo em larga escala e produção de combustíveis renováveis na região

19/06/2025 às 17h51 Atualizada em 21/06/2025 às 09h15
Por: Charliton Carvalho Fonte: Movimento Econômico
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Acelen Agripark/Divulgação
Acelen Agripark/Divulgação

A ciência está ajudando a Acrocomia aculeata a germinar mais rápido e a ter um crescimento acelerado, podendo desbancar a soja na produção de biocombustíveis. Trata-se da macaúba, também conhecida como coco-baboso, coco-de-espinho ou macajuba, uma palmeira brasileira que pode mudar a vida de muitos produtores do Nordeste.

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A Acelen Renováveis, empresa dedicada à produção de combustíveis renováveis e controlada pela Acelen — do portfólio da Mubadala Capital, gestora global de ativos com sede em Abu Dhabi —, desenvolveu em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) um novo protocolo de germinação da macaúba. A inovação avança no projeto de US$ 3 bilhões da companhia para produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel renovável (HVO) a partir dessa planta não domesticada.

Nordeste lidera produção com planta na Bahia

O projeto reforça o papel estratégico do Nordeste na cadeia nacional de biocombustíveis. A primeira planta industrial, em construção na Bahia, será responsável por 1 bilhão de litros de combustíveis renováveis por ano, com cultivo de macaúba em áreas de pastagens degradadas. O clima da região, a disponibilidade de terras e a infraestrutura logística são fatores decisivos.

A planta, nativa do Brasil, produz de sete a dez vezes mais óleo por hectare do que a soja. Até agora, o cultivo enfrentava limitações devido à dormência das sementes. O novo protocolo elimina a etapa de escarificação, simplificando o processo e elevando a taxa de germinação.

Mais de 50% de germinação com novo protocolo

Pesquisadores da Unimontes, liderados pelo professor Leonardo Ribeiro, com apoio técnico da equipe Agro da Acelen Renováveis e do consultor Francisco Peralta, registraram taxas de germinação superiores a 50%.

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O protocolo atua diretamente no condicionamento fisiológico das sementes, com pré-tratamento que evita o ressecamento e mantém a viabilidade do embrião. Diferente da escarificação, que exigia mais tempo e mão de obra, o método utiliza controle de temperatura e umidade para induzir a germinação de forma uniforme e em menor tempo.

Essa abordagem não reduz apenas o tempo e os custos envolvidos, mas também diminui os riscos de contaminação, resultando em mudas mais saudáveis e produtivas. Um avanço significativo na cadeia produtiva, afirma Victor Barra, diretor de Agronegócio da Acelen Renováveis.

Além disso, o sistema inclui monitoramento constante da atividade metabólica das sementes, permitindo o ajuste das condições em cada etapa do processo. Isso garante mudas mais vigorosas e reduz a mortalidade no plantio.

Plantio e manejo em áreas degradadas

Após a germinação, as mudas passam por viveiros especializados, onde permanecem de três a quatro meses. O manejo inclui irrigação controlada, suplementação nutricional e aclimatação.

O plantio definitivo será feito em sistemas integrados de recuperação de áreas degradadas, com espaçamento que facilita a mecanização da colheita e do manejo. Cada hectare comporta até 400 plantas. A macaúba, adaptada ao clima semiárido, exige pouca irrigação suplementar e se desenvolve bem em regiões com precipitação entre 800 e 1.200 mm.

A colheita será feita em ciclos semestrais, com uso de plataformas mecanizadas. A extração de óleo será realizada em unidades integradas à planta industrial, com aproveitamento de coprodutos como fibra, torta e casca.

Regiões mapeadas para o cultivo da macaúba

As áreas destinadas ao cultivo abrangem Bahia e Minas Gerais. No estado baiano, destacam-se Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Correntina e Caetité. Em Minas Gerais, as regiões do Norte e Noroeste concentram os plantios, com destaque para os vales do Jequitinhonha e do São Francisco e a microrregião de Montes Claros.

A meta é alcançar 180 mil hectares, sendo 20% em parceria com agricultores familiares. As áreas foram mapeadas para evitar competição com a produção de alimentos e respeitar critérios ambientais.

Este novo protocolo é um divisor de águas para a produção de macaúba. Ele não apenas otimiza o processo de germinação, mas também estabelece um novo padrão de eficiência e sustentabilidade na produção de biocombustíveis, diz Victor Barra.

Extração de óleo será feita em Montes Claros

A Acelen Renováveis anunciou em fevereiro deste ano a primeira extração industrial de óleo de macaúba em fluxo contínuo no Centro de Inovação Tecnológica Agroindustrial da companhia, o Acelen Agripark. A unidade está em construção na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais. O processo, que até então era realizado apenas em ambientes laboratoriais, foi viabilizado por uma tecnologia inédita desenvolvida pela equipe de engenharia da empresa e parceiros. O novo sistema de extração permite a produção em maior escala.

Com um investimento de R$ 314 milhões, sendo R$ 258 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a inauguração do parque está prevista para o final do primeiro semestre de 2025. O projeto terá um ciclo estimado de 15 a 20 anos para alcançar a plena maturidade.

O óleo extraído no Agripark será transportado para a planta integrada da Acelen Renováveis, no Polo Industrial de Camaçari (BA), onde será refinado e convertido em combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel renovável (HVO). A unidade da Bahia terá capacidade para produzir 1 bilhão de litros por ano em escala industrial.

Parceria impulsiona avanço da pesquisa aplicada

O professor Leonardo Ribeiro destaca que a parceria com a Acelen tem acelerado a aplicação de pesquisas desenvolvidas há duas décadas.

Tem sido fundamental para o avanço das pesquisas realizadas há 20 anos na universidade, abrindo perspectivas para a aplicação dos conhecimentos gerados na construção de tecnologias que viabilizem a transição energética a partir de espécies nativas, afirma.

Nordeste amplia protagonismo nos biocombustíveis

O Nordeste já ocupa posição de destaque na produção nacional de biocombustíveis. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2023 a região respondeu por cerca de 18% da produção de biodiesel, com a Bahia liderando regionalmente.

O estado é o terceiro maior produtor de biodiesel do país, com mais de 850 milhões de litros produzidos em 2023. A Bahia também concentra investimentos em combustíveis avançados e em processos industriais com oleaginosas nativas.

A expansão da cultura da macaúba reforça essa posição. Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) mostram que, em 2023, a área plantada com oleaginosas para bioenergia no Nordeste cresceu 9,8% em relação ao ano anterior.

Cadeia produtiva deve gerar 85 mil empregos

Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) prevê a geração de 85 mil empregos diretos e indiretos e movimentação de US$ 40 bilhões na economia. O projeto da Acelen inclui capacitação de produtores, parcerias com cooperativas e estímulo à cadeia de suprimentos local.

Os biocombustíveis da Acelen serão do tipo drop in, com potencial de reduzir em até 80% as emissões de CO₂ em comparação aos combustíveis fósseis, sem contar o sequestro de carbono promovido pelas plantações.

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Charliton Carvalho
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