Por que os astronautas são carregados em macas após retorno à Terra? Entenda
A ação faz parte do protocolo de resgate da Nasa, e visa, além de facilitar o exame médico dos astronautas, prevenir acidentes associados aos efeitos de longa estadia no espaço

Nesta terça-feira (18), Sunita Williams e Barry Wilmore, os astronautas da Nasa que ficaram "presos" na Estação Espacial Internacional (ISS) por mais de 9 meses, finalmente retornaram à Terra. A bordo da Crew Dragon "Freedom", a dupla caiu controladamente no oceano por volta das 19h (horário de Brasília).
O primeiro movimento envolveu retirá-los do interior do veículo espacial, e, então, posicioná-los em macas. Não se tratou de um problema de saúde urgente. Isso faz parte do protocolo de cuidados da agência aeroespacial, e ajuda a prevenir eventuais acidentes causados pelo tempo no espaço.
Importância do protocolo de resgate
Como destacou o site Live Science, quando os astronautas retornam à Terra, eles não conseguem andar imediatamente após o pouso. Isso se deve às mudanças temporárias no corpo que ocorrem no espaço, bem como ao processo de se reacostumar com a gravidade.
“Muitos deles não querem ser levados em uma maca, diga-se de passagem. Mas isso faz parte do protocolo de resgate e é conduzido como forma de verificar o seu estado de saúde das pessoas”, explica John DeWitt, diretor da Universidade Rice, dos Estados Unidos. DeWitt foi cientista da Nasa, onde desenvolveu justamente métodos para melhorar a saúde dos indivíduos durante os voos espaciais.
Assim como alguém pode sentir enjoo em uma montanha-russa ou enquanto anda de barco em águas agitadas, os astronautas podem sentir tontura e náusea à medida que descem até o nível da água dentro da Terra. Principalmente por esse motivo, eles são normalmente rolados em uma maca como medida de precaução.
Essa sensação temporária ocorre porque os corpos humanos são adaptados para tirar vantagem da força gravitacional. No entanto, nos habitats orbitais, as pessoas vivem em um constante estado de queda livre, o que cria uma sensação de ausência de peso.
Efeitos da estadia no espaço
Outra mudança significativa ocorre no sistema vestibular sensorial dentro do ouvido interno que é crucial para manter o equilíbrio. No espaço, esse sistema se acostuma a ignorar certas entradas sensoriais conforme o cérebro se ajusta à ausência de peso. Mas, quando os astronautas retornam à Terra e a gravidade é reintroduzida, eles começam a se reajustar mais uma vez, o que pode causar o chamado "enjoo de movimento espacial".
Particularmente nos astronautas que passam longos períodos no espaço, como é o caso de Williams e Wilmore, ainda existe a possibilidade de eles apresentarem atrofia muscular, como reflexo da perda gradual de músculos e ossos. Isso acontece porque, enquanto caminhar na Terra geralmente é suficiente para manter nossos músculos fortes, sem gravidade, os músculos não são tão utilizados.
Para neutralizar os efeitos relacionados aos voos, os astronautas seguem um regime completo de exercícios diários ainda no espaço. Na ISS, há uma capsula especificamente projetada para armazenar um conjunto de equipamentos para estimular os músculos e combater o sedentarismo.
Apesar de terem ficado mais de nove meses em órbita (mais precisamente, 286 dias), a dupla de astronautas não é nem de perto quem passou mais tempo fora da Terra. O cosmonauta Valeri Polyakov, na verdade, é quem detém o recorde do maior tempo consecutivo no espaço. Ele passou 437 dias (aproximadamente 14 meses) a bordo da extinta estação espacial Mir, entre 1994 e 1995.
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